25.º aniversário – Educação, profissão, sindicalismo: 25 anos em análise - Conferencia realizada sábado dia 17 de Novembro no âmbito das comemorações dos 25 anos do SPN

Ontem, Sábado, dia 17, realizou-se na Fundação Eng. António de Almeida, no Porto, entre as 9.45 e as 13.30 uma conferencia com o título «Educação, profissão, sindicalismo: 25 anos em análise».

A conferencia foi dividida em dois blocos temáticos, ainda que estreitamente relacionados. O primeiro, com o título «Profissão docente, novos e velhos desafios» foi abordado pelo Professor Doutor António Nóvoa, actual reitor da Universidade de Lisboa (UL) e pelo Dr. Paulo Sucena, ex-secretário geral da FENPROF e actual membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). Neste bloco temático António Nóvoa, com o rigor que lhe é reconhecido, apresentou os traços fundamentais que considera serem as grandes linhas de transformação dos problemas da educação a partir dos anos setenta, não só em Portugal como na comunidade internacional. Nóvoa chamou a atenção para o que foi e o que é actualmente o mandato profissional dos docentes. A pressão exercida pela sociedade sobre a escola e as suas consequências. Apresentou razões que explicam a desqualificação do mandato pedagógico e educacional que tem atingido a classe docente. Mostrou consequências negativas dessa desqualificação. Levantou questões sobre o modo de fazer inverter estas tendências prejudiciais aos professores e às escolas. Expos, na sua intervenção, as grandes linhas de debate que atravessam hoje o mundo da educação e da profissão docente.

Por seu lado, Paulo Sucena, hoje reformado mas atento às questões da educação, usou a sua experiência enquanto professor e sindicalista para sublinhar traços marcantes das mudanças ocorridas, nas últimas décadas, no campo profissional docente em Portugal e também a sua correlação com as mudanças sociais e as orientações políticas a que tem sido submetida a sociedade portuguesa. A estas apresentações seguiu-se um debate entre oradores e participantes.

O segundo bloco da conferencia sob o título «Os últimos 25 anos do sindicalismo docente», ficou a cargo do sociólogo, professor e investigador do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Doutor Alan Stoleroff e do coordenador do Sindicato dos Professores do Norte (SPN), Eng. Abel Macedo.

Alan Stoleroff apresentou aos presentes as linhas de força que ressaltam da intervenção dos sindicatos na sociedade portuguesa e as suas alterações nos tempos mais recentes. Caracterizou as relações, no campo negocial, entre sindicatos e governo no sector da administração pública. Deu a conhecer as linhas de investigação que está a seguir num dos seus actuais trabalhos de investigação e que é dedicado particularmente às relações entre sindicatos de docentes e governo. Da sua intervenção ressaltaram os condicionalismos a que as negociações entre sindicatos e governo têm estado sujeitas nos últimos anos. Mostrou como a política de redução do défice e o corte na despesa pública têm influenciado mais as reformas do que considerações de melhoria organizacional ou de valorização do papel das profissões.

Após a intervenção de Alan Stoleroff, Abel Macedo, coordenador do SPN, historiou de forma pontuada os grandes momentos que caracterizaram os 25 anos de história do SPN. Lembrou as condicionantes que levaram à criação do sindicato e os princípios políticos de abertura e de participação que estiveram presentes desde o primeiro momento de vida desta organização sindical. Sublinhou o fortíssimo apoio que o sindicato teve logo na sua fundação. Passou depois em revista as mudanças ocorridas no sindicato, durante os anos da sua existência, relacionando-as com as mudanças de fundo que se verificaram durante estes anos quer no sector educativo quer na sociedade portuguesa. Abel Macedo assumiu que o SPN não é neutro do ponto de vista dos valores éticos, sociais e educativos e que se assume como um espaço de grande pluralidade, espaço de debate, de confronto de ideias de todos aqueles que, respeitando as regras da democracia participativa, procuram contribuir para uma sociedade mais justa e democrática e na defesa e construção de uma escola pública ao serviço de todos os cidadãos, uma escola capaz de contribuir decididamente para combater injustiças e desigualdades sociais. A terminar, Abel Macedo relembrou que o respeito pelas regras do debate democrático são um pilar indispensável para que o Sindicato dos Professores do Norte possa continuar a ser um espaço plural, autónomo, aberto à participação de todos os educadores e professores democratas dispostos a empenhar-se na construção de uma escola pública de qualidade que respeite e defenda todas as crianças e jovens e contribua decididamente para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e solidária.

DIC&I/spn
18.11.2007

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