Os resultados nos exames do 12º ano e a qualidade das escolas
Os resultados
nos exames do 12º ano e a qualidade das escolas
A reportagem realizada pela SIC a propósito
dos resultados dos exames do 12º ano, associando-os à menor ou maior
qualidade das escolas e dos professores, apresenta uma resposta
simplista para problemas de natureza complexa ? porque crê
que a qualidade se pode objectivar e apreciar externamente, sem
conhecer os processos internos e, sobretudo, porque se centra apenas
em aspectos quantitativos, os resultados académicos dos alunos,
sem ter em consideração todas as variáveis que influem no
funcionamento de uma escola e no processo de ensino-aprendizagem.
Neste contexto, a informação fornecida não só diz pouco
como distorce a realidade, ao levar à comparação de instituições
cujas realidades educativas podem ser totalmente diferentes.
As escolas são organizações complexas.
A sua avaliação terá que contemplar essa complexidade e reflectir
as condições de desempenho, as quais incluem o contexto em que a
escola se insere, os recursos de que dispõe, o ponto de partida
dos alunos, os processos pedagógicos que desenvolve e os seus modos
de funcionamento.
Assim, a avaliação das escolas nunca
se poderá resumir a um processo administrativo que tenha apenas
em conta, ou sobrevalorize, a medição estatística dos resultados
cognitivos dos seus alunos, não só porque isso seria redutor em
função das finalidades definidas na LBSE para os vários níveis de
ensino, que não têm por única finalidade a instrução, mas também
porque essa opção envolveria outros riscos ? os ?efeitos perversos?
dos exames no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem
e a seriação das escolas através de comparações simplistas das classificações
obtidas pelos alunos.
A direcção do SPN reafirma estes princípios e congratula-se com a posição que a Secretária de Estado da Educação tomou nesse programa, ao alertar para a pobreza de um processo avaliativo que apenas medisse os resultados dos alunos.
A
Direcção
2 de Outubro de 2000