Rankings de escolas - até quando e em nome de quê?

Rankings de escolas - até quando e em nome de quê?

Na véspera da divulgação da quinta edição dos rankings das escolas secundárias em Portugal, a FENPROF demarca-se, mais uma vez, dessa iniciativa e lamenta a irresponsabilidade do Ministério da Educação e de alguns órgãos de comunicação social que persistem em divulgar e utilizar de forma simplista as classificações dos alunos nos exames nacionais, ignorando que esses números têm que ser analisados à luz da diversidade de factores que influenciam a qualidade dos processos educativos.

 

A reedição destas listagens das melhores e piores escolas á tão mais inaceitável quanto faz tábua rasa dos resultados da investigação já realizada em Portugal nesta área:

 

O estudo "Um Olhar sobre os Rankings", editado em 2004 pelo CIPES (Centro de Investigação das Políticas do Ensino Superior, da Fundação das Universidades Portuguesas), chama a atenção para o facto de os rankings não terem em conta "um conjunto de dados fundamentais para compreender o impacto do 'efeito escola' nas aprendizagens dos alunos: a origem sócio-cultural dos alunos; a dimensão da escola, a composição do corpo docente, o grau de estabilidade do corpo docente e, por fim, a relação entre situação escolar de partida dos alunos, os objectivos de aprendizagem das escolas e os resultados conseguidos", considerando esta seriação, para divulgação pública, uma "calamidade pública".

 

O estudo de investigação realizado no âmbito do Programa AVES (Avaliação de Escolas com Ensino Secundário) pela Fundação Manuel Leão, recentemente divulgado, aponta para "uma forte relação entre o nível sócio-económico-cultural e o desempenho escolar dos alunos. Durante a apresentação dos resultados, os investigadores criticaram a organização de rankings das escolas, por constituírem a imagem mais 'liofilizada e ignorante' que se pode ter sobre o que é uma escola." [Cf. JN, 20.10.2005]

 

Perante estas conclusões, e as notícias que dão conta do abandono da divulgação destas listagens num número crescente de países, faz sentido perguntar: Até quando vão as escolas portuguesas estar sujeitas a esta pseudo-avaliação, que, com absoluta falta de rigor, compara o incomparável? E quando teremos em Portugal uma avaliação das escolas ao serviço do seu desenvolvimento e que respeite as suas diferenças?

 

O Secretariado Nacional da FENPROF
21/10/2005

 

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