Rankings NÃO AVALIAM escolas
Sindicato dos Professores do Norte / FENPROF |
RANKINGS
NÃO AVALIAM ESCOLAS No
dia em que voltam a ser publicados em Portugal ?rankings? de escolas, a
Federação Nacional dos Professores (FENPROF) reafirma a sua rejeição a este
sistema de hierarquização das escolas, com base nas distorções e nos
equívocos que lhe estão associados, e que a tentativa de contextualização a
que assistimos este ano não consegue iludir: 1
? Não é possível avaliar uma escola através dos resultados dos alunos em
exames nacionais. Como é sabido, os exames avaliam apenas (e mal) alguns
produtos do processo de ensino-aprendizagem. A Lei de Bases do Sistema Educativo
atribui à escola um conjunto de finalidades, que vão muito para além da
instrução. A formação integral dos alunos passa pela aprendizagem de
conteúdos mas também pela aquisição de competências e pelo desenvolvimento
de capacidades e comportamentos que não são avaliáveis em testes de papel e
lápis e cujos efeitos só são muitas vezes visíveis anos mais tarde. 2
? Não é legítimo comparar escolas cujas realidades educativas são
diversas. Há uma multiplicidade de factores que determinam o quotidiano escolar
e que nenhuma escala classificativa poderá expressar. O arremedo de
contextualização dos resultados tentado este ano não permite conhecer a
realidade concreta de cada escola, ao pôr em pé de igualdade, em termos de
resultados esperados, todas as escolas de um mesmo concelho: uma escola
secundária pública com uma população escolar heterogénea e frequentada
maioritariamente por alunos que vivem em bairros degradados, uma escola pública
frequentada por alunos oriundos de meios sociais mais favorecidos ou uma escola
privada frequentada por alunos que pagam uma mensalidade superior ao salário
mínimo nacional. Também não podem comparar-se escolas que levam 30 alunos a
exame com escolas que levam 3000, para referir apenas duas das debilidades dos
critérios utilizados. 3
? Não se promove a melhoria das piores escolas expondo publicamente o
seu alegado insucesso. A experiência de ?rankings? noutros países
torna evidente que este sistema representa um obstáculo acrescido à melhoria
das escolas situadas no fundo da tabela, resultante da estigmatização negativa
de que passam a ser vítimas públicas, que as torna frequentemente alvo de
discriminação, com a consequente desmoralização dos alunos, professores e
pais. Foi a constatação desta realidade que levou os ministros da Educação
de alguns países com tradição na elaboração de ?rankings? (como a
Irlanda do Norte ou o País de Gales) a abandonar esta prática. A
ideia de que as escolas são boas ou más consoante os resultados
que os seus alunos obtêm em exames nacionais, opinião reiteradamente
manifestada pelo actual ministro da
Educação, é incongruente com os objectivos plasmados na Lei de Bases do
Sistema Educativo, que pretende transformar uma escola de instrução
numa escola de educação, valorizando as várias dimensões da
personalidade dos alunos: auto-confiança e autonomia, saberes e competências,
atitudes e valores. Neste
quadro, a FENPROF desafia o ministro da Educação a assumir com clareza e de
forma inequívoca que a principal (talvez única) tarefa dos professores deve
ser a preparação dos seus alunos para os exames nacionais (que este Governo
pretende alargar ao ensino básico) e que conceitos como socialização,
integração, prevenção da exclusão, habilitação para um mercado de
trabalho em constante mutação, educação ambiental, educação para a
cidadania e para a paz, e tantos outros, devem passar, na melhor das
hipóteses, para segundo plano nas preocupações das escolas e dos professores.
Esta
clarificação é o mínimo que se exige a alguém que tanto apregoa a
importância do rigor e da transparência, da eficácia e da eficiência. O
trabalho dos alunos e dos professores merece ser respeitado! O
Secretariado Nacional da FENPROF |