Saudação aos Professores do Norte em luta


O Sindicato dos Professores do Norte reuniu ontem a sua Comissão Executiva, em reunião ordinária, mas onde não poderia deixar de estar incluída uma análise detalhada de todas as movimentações que continuam a pautar o quotidiano das escolas portuguesas, particularmente as do Norte do país.

Especial atenção nesta análise mereceu a questão da entrega dos objectivos individuais por parte dos professores, relativa ao processo de avaliação do desempenho docente, sustentado numa postura sempre intolerante, teimosa e cega a que o Ministério da Educação habituou os professores e toda a sociedade.

Neste domínio, uma aberração que já é popularmente conhecida como "simplex 2", mais não é que uma espécie de estertor político de quem sabe que não tem razão nenhuma do seu lado, de quem ganha votações no Parlamento por um simples voto, de quem já só consegue sobreviver no limite extremo de uma legitimidade institucional que não consegue ocultar mais a ilegitimidade democrática de governar à força, contra quase tudo e quase todos, com a obsessão de chegar ao fim da legislatura e dizer: sim, avaliei-os! Não importa de que forma ou se, com isso, lançou o caos nas escolas. A única coisa que lhes interessa é poder dizer, nessa altura, que aquele inenarrável modelo de avaliação serviu mesmo para avaliar professores, não importa quantas simplificações existiram de permeio.

Para esse objectivo tudo serve. Ilegalidades (algumas cometidas contra a própria legislação que produziram); interpretações abusivas, distorcidas ou capciosas do quadro legal vigente; campanhas de intoxicação da opinião pública, de que as sucessivas conferências de imprensa do ME são clara evidência; ameaças e todo o tipo de pressões sobre a grande massa de professores que dignamente resiste a esta absurda ofensiva.

Instalar um clima de medo nas escolas é agora a sua intenção primeira, tentando forçar à cedência todos aqueles que, integrantes activos de acções colectivas, foram individualmente confrontados com essas pressões e ameaças, na vã tentativa de quebrar a enorme unidade que esta classe profissional soube demonstrar em vários momentos e diversas situações.

A Comissão Executiva do Sindicato dos Professores do Norte, perante os muitos milhares de professores e educadores desta zona (com justo destaque para o distrito de Vila Real) que souberam resistir a todas as ameaças, que venceram o medo que tentaram instilar na classe e que reafirmaram a sua recusa em pactuar com esta aberração avaliativa e entregar aquilo a que não são obrigados por ninguém ? os seus objectivos individuais de avaliação ? deram a todos nós um exemplo claro de profundo sentido ético, de uma postura cidadã de alta responsabilidade, de afirmação inequívoca de uma dignidade profissional que não permitirá jamais ser posta em causa seja por quem for, Ministério da Educação e Governo à cabeça.

São assim inteiramente merecedores ? bem como todos aqueles que, cedendo contrariados ao clima de intimidação que lhes foi criado, ainda podem corrigir a situação e voltar atrás nessa cedência ? da saudação calorosa que lhes envia a Direcção do SPN, interpretando o sentir de todos os professores do Norte que se disponibilizam livremente para prosseguir a luta. Porque a luta que desenvolvemos é dura, complexa e prolongada, como sempre dissemos e reafirmamos agora. A unidade da classe neste percurso é tão importante agora como o foi desde início. Saibamos pois traduzir essa ampla unidade conseguida em determinação e dinâmica de vitória perante as difíceis batalhas que ainda temos pela frente. Só unidos venceremos.

Pela Direcção do SPN

A Comissão Executiva