FACE AO APARENTE DESCONHECIMENTO DO PSD

FENPROF enviou carta à respetiva direção nacional, esclarecendo a sua posição sobre aabertura do presente ano letivo e recordando episódios passados, relacionados com acolocação de professores, protagonizados por governos daquele partido

 

 

 

Vários dirigentes do PSD, bem como comentadores da sua área política, decerto não por mera ignorância, têm repetido que a aparente normalidade na abertura do ano letivo se deveria a um alegado silêncio da FENPROF, que não terá referido os problemas que continuam aafetar as escolas. Não é verdade que a FENPROF não tenha trazido os problemas para a opinião pública (aliás, foi a única organização sindical de docentes que o fez em vários momentos), mas admite-se que a preocupação daqueles políticos e comentadores com assuntos que consideram mais importantes, lhes tenha retirado tempo para ler as tomadas de posição da FENPROF que continuam expostas na sua página web.

 

A verdade é que a  FENPROF, não só identificou e denunciou problemas, como tem vindo a apresentar propostas no sentido da sua resolução, insistindo na ideia de que, muitos deles, deverão ter solução ainda neste período de arranque das aulas. Como a FENPROF tem afirmado, o facto de o processo de colocação de professores ter decorrido sem atrasos e erros relevantes, não significa a ausência de problemas que afetam, e muito, o normal funcionamento das escolas e a vida dos professores. Assim, contribuindo para o pleno esclarecimento daquele partido político, a FENPROF enviou à direção do PSD, com conhecimento ao respetivo grupo parlamentar, os comunicados que divulgou em 30 de agosto e 14 de setembro, bem como o link para acesso à informação sobre aConferência de Imprensa promovida em 2 de setembro.

 

O que aconteceu este ano foi que, contrariamente ao que tem acontecido em períodos em que o PSD se encontrava no governo, acolocação de professores não sofreu os atrasos nem conheceu as confusões de anos anteriores. E, para que os dirigentes do PSD melhor compreendessem a diferença, a FENPROF fez questão de lembrar alguns episódios caricatos e de impacto muito negativo para avida das escolas e dos professores:

 

- Os erros que obrigaram o ministro Nuno Crato, em 2014, a pedir desculpa ao país, no dia seguinte a ter negado a existência de erros;

 

- As colocações múltiplas de professores, chegando a ultrapassar a centena, provocadas pelas BCE;

 

- Os atrasos na colocação de docentes, em particular nas escolas e agrupamentos que recorriam às BCE, e as suas implicações também nas escolas onde já tinham sido colocados docentes através da lista nacional graduada.

 

Recuando mais no tempo, a FENPROF referiu ainda:

 

- Os erros nas listas provisórias e de colocação, em 2004, que atingiram mais de trinta mil professores, fazendo desaparecer uns, exibindo dados errados de outros, a que se juntou a emissão de verbetes com dados diferentes dos constantes nas listas provisórias (recordando que, dias antes, responsáveis do ministério tinham apresentado à comunicação social um novo sistema informático que custara mais de meio milhão de euros);

 

- As situações ocorridas em 2003 quando surgiram notícias de “cunhas” na colocação de alguns docentes e falsificação de documentos (a comunicação social exibiu um documento que envolvia familiar de um ainda deputado do PSD e um ex-diretor adjunto da DREC, entretanto afastado de funções).

 

É verdade que o processo de colocação de professores, este ano, correu melhor que nos anos anteriores, mas não é menos verdade que, depois do que aconteceu no passado, designadamente nos anos que antes se referem, dificilmente algum governo fará pior. Sendo essa uma questão de grande visibilidade pública, o governo atual (e, provavelmente, os próximos) acaba por beneficiar disso para garantir uma abertura de ano letivo, aparentemente, sem problemas.

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