Resultados do questionário sobre ensino não presencial
15 de fevereiro de 2021
Perante incapacidade do governo, valeram os professores para que alunos voltassem às aulas. Fenprof apresenta propostas para regularizar o presente e preparar o futuro
Se, suspensas as aulas presenciais, foi possível garantir uma resposta de emergência – ensino a distância –, tal fica a dever-se, hoje como no passado, aos professores. Na realidade, dez meses depois das promessas do primeiro-ministro, as escolas continuam sem recursos para uma resposta que, sendo de emergência, é fundamental quando o ensino presencial, por razões excecionais, tem de ser suspenso. É o que se infere do levantamento feito pela Fenprof, através de um questionário que pôs a circular na primeira semana de retorno ao teletrabalho.
As mais de quatro mil respostas recebidas de docentes da educação pré-escolar, do ensino básico e do ensino secundário não deixam dúvidas:
- a quase totalidade dos docentes está a trabalhar em casa com o seu equipamento e afirma que tem despesas acrescidas;
- aqueles que têm filhos menores de 12 anos queixam-se da falta de apoio.
O levantamento efetuado permite ainda perceber como os alunos acompanham as aulas e como estas decorrem. Eis as respostas dos professores:
Sobre as condições de (tele)trabalho:
- 96% dos docentes estão a trabalhar em casa e a quase totalidade (95%) usa o seu próprio equipamento;
- em 81% das casas, há, no mínimo, duas pessoas em teletrabalho simultâneo, que fez com que a maioria dos docentes tivesse de comprar computador;
- 95% dos docentes tem despesas acrescidas (já não contando com o computador) com internet, telemóvel e outros recursos indispensáveis à atividade remota, as quais a lei prevê que deverão ser pagas pela entidade empregadora aos seus trabalhadores;
- 80% dos docentes fez formação específica por iniciativa própria, recorrendo, a maior parte das vezes, a oferta de formação online. Só 20% afirma ter frequentado formação da iniciativa da escola ou do ME (neste último caso: 0,2%).
Sobre o apoio a docentes com filhos menores de 12 anos:
- Constata-se que o envelhecimento dos profissionais faz com que 78% não tenha filhos desse grupo etário. Dos restantes, 90% diz ter dificuldade na gestão entre as aulas e o acompanhamento dos filhos pequenos.
Sobre o plano pedagógico (incluindo questões organizacionais):
- 34% dos docentes, afirmam que as sessões síncronas são de duração igual às aulas presenciais, o que é completamente desajustado, contrariando as recomendações divulgadas;
- 50% dos docentes afirma que, relativamente ao número de sessões síncronas é igual ou superior a metade do número de aulas presenciais;
- 53% dos docentes desenvolvem sessões assíncronas no horário que estava determinado para as presenciais, articulando-as com as síncronas e 8,4% dos respondentes afirma manter disponibilidade permanente online.
Sobre os alunos:
- 73% dos docentes apenas trabalha com alunos que acompanham as aulas a partir de casa.
- 10% dos docentes afirma ter alunos nas escolas por apresentarem necessidades educativas especiais (abrangidos por medidas adicionais) ou serem sinalizados pelas CPCJ ou EMAT.
- 8% dos docentes referem que há alunos nas escolas por falta de condições técnicas para acompanharem as aulas, em casa;
- 6% dos docentes declara ter alunos que se encontram em escola de acolhimento por serem filhos de trabalhadores de serviços essenciais;
- 2% dos professores com alunos nas escolas (27% do total de docentes) dizem manter-se em ensino presencial (que é ilegal!), sendo as suas aulas visionadas pelos alunos que estão em casa.
Face a estes resultados, a Fenprof reafirma as seguintes propostas, enviadas, por ofício, ao ME: |
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8 de fevereiro de 2021
Questionário sobre as condições do ensino à distância
[Clicar na foto]
ESCOLAS — ENSINO NÃO PRESENCIAL
Este questionário muito simples é importante para que a Fenprof possa confrontar o Governo/ME com as condições que não criou, os direitos que estão a ser postos em causa, os preceitos legais que não estão a ser observados e, com dados concretos, também possa apresentar propostas fundamentadas e exigir a tomada de medidas urgentes.
O seu preenchimento é, por isso, fundamental.
O SPN com a sua colaboração!