ESI — Urge combater a precariedade laboral

7 de julho de 2021

Precariedade laboral: uma chaga que urge continuar a combater. A precariedade laboral no Ensino Superior e na Ciência tem-se agudizado ao longo dos últimos anos. Lado a lado com o cada vez maior reconhecimento da qualidade do trabalho desenvolvido pela comunidade científica portuguesa, assiste-se a uma acentuada degradação das suas condições laborais, à intensificação da precariedade e dos seus impactos sobre as vidas dos/as trabalhadores/as que dão corpo ao Sistema Científico e Tecnológico português.

A Fenprof, assim como os Sindicatos que a constituem, têm denunciado esta situação e avançado com propostas para a resolução do problema. Lamentavelmente, o Governo, em particular o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), mas também muitas das organizações com responsabilidades neste sector, designadamente o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, não têm estado à altura dos desafios do seu próprio tempo, empurrando para um horizonte tão longínquo quanto difícil de vislumbrar, a sua resolução. No Ensino Superior e na Ciência, como em muitos outros setores da sociedade portuguesa, a degradação do valor do trabalho é uma tendência pesada cujos impactos nefastos se repercutem em múltiplas esferas da vida humana.

Com o estudo Trajetórias laborais nas instituições de ensino superior e ciência: excelência e precariedade, coordenado por Ana Ferreira, investigadora do Centro Interdisciplinar em Ciências Sociais e dirigente da Fenprof, procurou-se compreender melhor os impactos da precariedade sobre a vida dos/as cientistas que trabalham em Portugal. Os resultados não podiam ser mais reveladores e preocupantes. A precariedade laboral traduz uma incerteza constante sobre o futuro, implica uma pressão permanente que influencia negativamente os resultados alcançados, leva a que constantemente se adiem projetos de vida e que ambições, sonhos e expetativas fiquem por cumprir, e, não menos importante, conduz a situações de burnout profissional que são tão mais expressivas quanto maior a debilidade dos vínculos laborais.

Se é verdade que este estudo, por constituir o retrato mais atual e pormenorizado sobre as condições de trabalho no Ensino Superior e na Ciência, reforça a capacidade de intervenção da Fenprof neste setor, não é menos verdade que os principais responsáveis políticos pela atual situação não podem continuar a assobiar para o lado, enquanto assistem, impávidos e serenos, ao crescimento galopante da precariedade laboral. Exigem-se respostas urgentes. A Fenprof, assim como os Sindicatos que a constituem, com o apoio da comunidade científica, continuarão a denunciar irregularidades, a avançar com propostas e a defender a necessidade de valorizar e dignificar o trabalho, combater a precariedade laboral e investir mais e melhor no Ensino Superior e na Ciência.

O Departamento do Ensino Superior e Investigação da Fenprof
 

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Em Portugal, ciência rima com precariedade (3/fev/2021)

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