MEC quer comprar professores do quadro para classificarem provas dos seus colegas sem vínculo

Começa a saber-se agora para que serve o dinheiro a extorquir aos docentes desempregados e contratados

 

Os professores classificadores de Português receberam uma comunicação, via correio electrónico, de uma estrutura do MEC — a Direção de Serviços de Avaliação Educativa (ex-GAVE) – em que lhes é transmitida a pretensão de “contar com aqueles que ao longo dos últimos anos têm sido o garante do rigor e da fiabilidade da classificação das nossas provas: os nossos Classificadores, em articulação com os Supervisores”.

Feita a bajulação, é proposto aos docentes, por aquela direção de serviços, “que nos acompanhe em mais este projeto, pelo que solicitamos que nos informe da sua disponibilidade para exercer as funções como Classificador(a) da PACC [prova de avaliação de conhecimentos e capacidades] — uma prova que, para além de extorquir vinte euros a cada candidato, poderá levar ao afastamento dos próprios de uma profissão em que já ingressaram há muitos anos.

De seguida, é dada a informação de que “o papel do(a) Classificador(a) implica a classificação, em média, de 100 respostas a um item de resposta extensa, o que corresponde a 100 provas… /… auferindo o valor de 3 € por resposta classificada.” Ou seja, a quem aceitar seguir este guião proposto pelo MEC, este dispõe-se a oferecer 300 euros diretamente extorquido do bolso de professores que estão no desemprego ou em situação de grande precariedade.

O MEC informa que, quem não estiver interessado deverá declarar a sua indisponibilidade até dia 14 (depois de amanhã) e quem quiser ser classificador deverá devolver uma ficha de dados que é anexada no mail que foi enviado aos docentes.

A FENPROF apela a todos os professores dos quadros para que recusem o papel que o MEC lhes pretende atribuir: o de serem pagos, com dinheiro extorquido aos seus colegas desempregados e precários, para que contribuam numa farsa destinada, por um lado, a denegrir a imagem dos profissionais docentes e, ao mesmo tempo, a afastar muitos deles da profissão.

A FENPROF está certa de que todos os professores compreendem este problema como sendo de toda a classe docente e não apenas daqueles que, para já, são diretamente visados. A FENPROF apela aos docentes contactados pelo MEC no sentido de até dia 14 recusarem o papel que lhes é proposto. Todavia, se eventualmente não puderem enviar essa recusa até dia 14, nada obriga os docentes a devolverem a ficha de dados que o MEC lhes enviou. Tratando-se de uma proposta, não poderá haver aceitação tácita, nem imposição pela tutela!

Este procedimento do MEC é deplorável e revela bem o ponto a que os seus responsáveis já chegaram para tentarem atingir os seus objetivos. Virar professores contra professores passa a ser agora estratégia assumida.

Fica uma questão final: por que razão, quando estes classificadores desenvolvem a sua atividade no final do ano, no âmbito dos exames nacionais de Português – como de outras disciplinas – o MEC não atua da forma que agora anuncia, pagando a correção e classificação aos professores? Afinal, muitos também, nesse momento, desenvolvem a tarefa acumulando com outras atividades, quer letivas, quer não letivas. Compreende-se, sendo o trabalho tão sujo, o MEC quer pagar bónus a professores com dinheiro roubado do bolso de outros professores. Ignóbil!

 

O Secretariado Nacional

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