O COMBATE AO INSUCESSO E ABANDONO ESCOLARES

O COMBATE AO INSUCESSO E ABANDONO ESCOLARES

1-     A intenção do Ministério da Educação é inequivocamente positiva.

2-     Ela pretende mudar para melhor uma situação intolerável - a das altas taxas de insucesso e abandono escolar que se verificam no Ensino Básico.

3-     Mas entre o desejo de mudar e uma efectiva e real mudança vai uma grande distância.

4-     É a superação dessa distância que necessita de ser profunda e pluralmente reflectida pelas escolas através das suas estruturas pedagógicas, pelos professores através das suas organizações sindicais, profissionais e científicas, pelos pais e encarregados de educação e pelos responsáveis do Ministério de Educação.

5-     Lamentavelmente, os governantes do M.E. mostram-se imbuídos da mesma crença dos seus múltiplos antecessores na medida em que cuidam ser eles os verdadeiros e únicos criadores de um admirável mundo novo na educação. Todos os que assim pensaram são co-responsáveis pelo estado a que chegou o sistema educativo no nosso país.

6-     Inverter estes procedimentos passa por uma séria e rigorosa avaliação do que se tem feito nas escolas para combater o insucesso e abandono escolares no Ensino Básico, com o objectivo de definir parâmetros orientadores da acção futura neste campo. Passa também por um simples acto de humildade política, que os alunos agradecerão, consubstanciado na definição de prazos para um debate público que envolva os actores atrás referidos cujo trabalho deveria ter como principal objectivo o de definir os recursos físicos, financeiros e pedagógico-didácticos que permitam pôr em prática novas estratégias e metodologias de ensino-aprendizagem, acompanhadas por atraentes e eficientes processos de motivação dos alunos de modo a criarem-se focos centrípetos no interior da instituição escolar que superem velhas insuficiências que têm contribuído para a centrifugação de muitos alunos.

7-     Com este entendimento, considera-se uma medida pobre e condenada a um inexorável fracasso, mesmo que não total, a que se limite a "dar mais do mesmo", isto é a proporcionar a alunos, que não se têm movido bem dentro da carga horária que semanalmente têm de cumprir, mais horas por semana nas disciplinas em que sentem mais dificuldades.

8-     A pedagogia e a didáctica não se definem pela soma das horas de aula distribuídas pelos alunos. Se assim fosse bastava juntar horas no horário dos estudantes até todos alcançarem o sucesso educativo, pensamento que, no limite, nos levaria até à anedota do vetusto Doutor Assis da Universidade de Coimbra: multiplicando sempre a velocidade do comboio que pretendia apanhar ele poderia chegar ao destino antes de partir.

                                                                                                       Paulo Sucena

                                                                                                                        Secretário-Geral

 

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