Paciência tem limites! A corda já partiu!

23 de dezembro de 2022

Lúcia Vaz Pedro, no Jornal de Notícias (Edição de 19 de dezembro de 2022)

 

Ser professor implica ter paciência, acima de tudo, ter paciência para ensinar.

Ter paciência é, na verdade, um requisito essencial, pois, nos tempos que correm, um professor tem de saber respeitar tudo e todos: respeitar o tempo de aprendizagem dos alunos, respeitar as diversidades, respeitar a pluralidade, respeitar a singularidade e até respeitar a falta de educação. Os meninos, muitas vezes, são vítimas da sociedade e os professores devem educá-los, pois os pais não têm tempo.

A paciência dos professores tem esticado e vai desde a escola à sociedade.

Na escola, a paciência dos professores é tanta que fazem de tudo. E a burocracia é tanta que se perdem em papéis e papéis, em coisas que ninguém lê, em trabalhos que têm de fazer sem utilidade nenhuma.

Na sociedade, os pais dão-se ao luxo de opinar sobre os professores, de dar ordens aos professores, de rebaixar os professores, de bater nos professores. Aqueles professores que, muitas vezes, tentam educar-lhes os filhos.

Os políticos dão ordens aos professores como se alguma vez tivessem dado aulas, como se percebessem alguma coisa do que se passa no "rés do chão" da vida. Ainda não perceberam que a educação é o melhor investimento que podem fazer na sociedade. Pobres de espírito! Nunca leram! Mas eu relembro: Por exemplo, Aristóteles diz que a educação é fundamental, uma vez que desenvolve a segurança e a saúde do Estado. É a educação que conduz a uma cidade perfeita e a um cidadão feliz. Há, pois, uma relação entre a política e a educação. Mais atual, Nelson Mandela diz que a educação é a ferramenta mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo. Se não sabem o que fazer, inspirem-se no que os outros dizem, meus senhores, pois a paciência tem esticado tanto que os professores veem-na a partir.

Eles levam-na para tão longe de casa que não ganham o suficiente para regressar ao fim de semana e passá-lo com a família. Estica tanto essa paciência que os professores vão trabalhar doentes.

Na verdade, essa paciência já partiu.

Partiu e não há volta a dar-lhe nem há cola que consiga segurá-la.

Agora os professores preferem morrer de vez a voltarem a ter a paciência virada do avesso, preferem abandonar-se a outra profissão a não serem respeitados, a serem desmentidos, desrespeitados, ultrajados, tratados abaixo de cão.

Parem de uma vez por todas! Pensem com consciência!

Sem educação não há futuro! Precisamos que respeitem os professores para que haja uma educação consistente, que forma cidadãos conscientes, trabalhadores, respeitadores e capazes.

Professores debilitados, esfomeados, doentes, velhos, desrespeitados! NÃO! NÃO! NÃO!

"É a Hora!"

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