Mais uma agressão a um docente no exercício das suas funções

18 de março de 2022

Comunicado do Sindicato dos Professores do Norte:

 

O Sindicato dos Professores do Norte (SPN) vem expressar, mais uma vez, a sua preocupação, na sequência de mais um episódio de violência em contexto escolar, ocorrido recentemente na Escola Básica e Secundária do Cerco (Porto), do qual resultou ferido um professor de 61 anos e elemento da equipa diretiva do Agrupamento, após agressão por familiares de um aluno.

A nossa inquietação é acrescida, dado que têm chegado ao SPN relatos de outras agressões (só esta semana foram quatro, envolvendo professores, assistentes operacionais e psicólogos), tendo vindo a intensificar-se, a nível nacional, o número de notícias sobre violência nas escolas. Estes factos, para além de acentuarem o sentimento de insegurança por parte dos envolvidos e de todos os que estudam e trabalham em escolas que são cenários de violência, geram ainda revolta e desmotivação para o exercício da profissão, já de si tão desgastante e exigente.

Embora não podendo ser dissociadas do ambiente desagregador que se vive na sociedade, é nossa convicção que estas manifestações de violência merecem uma resposta localizada que, entre outras medidas, como temos vindo a exigir em episódios similares, passa pelo reforço dos profissionais nas escolas, como sejam os assistentes operacionais, para um melhor acompanhamento dos alunos fora das salas de aula, ou outro tipo de técnicos das áreas social, psicológica e da animação sociocultural, para o devido acompanhamento dos alunos em contexto escolar, criando equipas multidisciplinares para intervenção sobre estes problemas, como, aliás, foi já reivindicado, em 2018, pelos próprios docentes do Agrupamento do Cerco, na sequência de outra agressão a outra colega. Note-se ainda que, após a pandemia, complexificaram-se os problemas que assolam as escolas, agravando, entre outras situações também a de violência nas mesmas. É urgente que o Ministério da Educação reconheça este problema na sua devida dimensão e atue em conformidade, tomando medidas no sentido de garantir a segurança quer dos trabalhadores (assistentes operacionais, técnicos e professores), quer da comunidade escolar em geral.

Mais premente se torna essa intervenção perante o cenário de uma classe docente envelhecida, bastante desgastada pela sobrecarga de tarefas que lhe são exigidas, e cuja imagem perante os pais e a comunidade em geral não tem sido positivamente reforçada pela tutela, senão, antes pelo contrário, desprestigiada na sequência da degradação e precarização quer das condições de trabalho, quer das relações laborais afetadas pela desvalorização do diálogo com os professores e os seus representantes.

Na sequência do anteriormente exposto, o SPN manifesta, mais uma vez, a sua especial solidariedade para com todos os docentes agredidos no desempenho das suas funções, mas também para com todas as comunidades escolares afetadas por este clima de insegurança a que urge pôr cobro através da devida resposta política.

O SPN tudo fará para denunciar situações similares e agir de modo a melhorar as condições de trabalho dos docentes, as quais são significativamente responsáveis por muita da violência que atinge as escolas.

 

A Direção do SPN


Partilha