Maria Helena Madeira (1918-2024)

24 de março de 2024

Faleceu Maria Helena Madeira, 106 anos, associada fundadora do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) e viúva do sócio honorário Óscar Lopes. Licenciada em Românicas, foi professora de português e de francês em várias escolas, tendo terminado a sua vida profissional na Escola Secundária Clara de Resende, no Porto. Em 2019, no âmbito do 37.º aniversário do SPN, a Direção do Sindicato prestou-lhe uma singela e sincera homenagem que aqui é recuperada.

O corpo está na Igreja do Foco e será cremado, dia 25 de março, pelas 10h00, no Tanatório de Matosinhos. 

Neste momento de pesar, a Direção do Sindicato dos Professores do Norte endereça à família, colegas e amigos a sua solidariedade e sentidos pêsames.


27 de dezembro de 2019

SPN homenageia Maria Helena Madeira

Maria Helena Madeira tem 101 anos. Licenciada em Românicas, foi professora de português e de francês em várias escolas, tendo terminado a sua vida profissional na Escola Secundária Clara de Resende, no Porto.

Numa conversa animada em sua casa, onde recebeu flores e um porta-cartões com o seu cartão de sócia do SPN, Maria Helena Madeira partilhou memórias de uma vida longa e cheia. Do tempo de estudante, em Santarém e depois em Lisboa, onde frequentou a universidade e, mais tarde, já enquanto professora. Num discurso esfuziante, falou da infância, da professora que dava explicações e para onde os pais a mandavam “para a manter ocupada”, do mapa que essa professora tinha pendurado na parede e que a fascinava (“adorava mapas”), da decisão de pedir à mãe que a deixasse ir para a universidade, em vez do que estava previsto: ser professora primária (“uma amiga minha do liceu ia para a faculdade e não tinha melhores notas do que eu”); de como, “apaixonada por história”, acabou por se inscrever em românicas,  que lhe diziam ter melhores saídas profissionais; de como gostou da universidade; da “carta de namoro” que um dia recebeu e de como ficou estupefacta ao verificar que o remetente era “o aluno mais brilhante da Faculdade” (Óscar Lopes, com quem viria a casar); do exame de Estado que, no tempo de Salazar, era preciso fazer para poder lecionar e as peripécias associadas à sua prova; da primeira colocação como professora e do que recorda como mais relevante: os colegas e a forma acolhedora como a receberam; dos anos em que trabalhou em Vila Real, onde foi “muito feliz” e onde debelou uma doença (“não estava ainda tuberculosa, mas tinha o bacilo de Kock”); da simpatia dos inquilinos da casa onde vivia e dos “muitos mimos” que deram aos seus filhos; da colocação numa escola da Póvoa e do horário que lhe foi atribuído (aulas de manhã e à noite); de como os seus alunos (e os pais) eram “amorosos”, e por fim da Secundária Clara de Resende, que tem “no coração”.

Um discurso vivo e claro, uma cadência torrencial, de quando em vez, no meio de inúmeros detalhes, um nome que falha e “está a ver, já não me lembro do nome!” ou então “ai, desculpe, com esta conversa toda, se calhar estou a maçá-los...”.

O entusiasmo com que folheou a fotobiografia dos 30 anos do SPN que acabáramos de lhe oferecer... O prazer com que recordava pessoas e acontecimentos diversos, dos problemas que o marido teve de enfrentar porque “se metia em política” à primeira vez que foi a Paris, cidade de que não gostou (“ao contrário da Isle de France, que me encantou...”). Um sem número de memórias felizes e gratificantes, numa vida longa que também teve momentos difíceis e tristes, mas “ultrapassá-los também nos dá alegria”. Muitas histórias ainda por contar, incluindo inúmeras cartas de alunos que tem guardadas e que combinámos revisitar noutro dia (“olhe, não demore muito...”),

Muitos parabéns, Maria Helena, por essa personalidade fascinante e obrigada por continuar a fazer parte da vida do SPN!

Manuela Mendonça

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